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Lombalgia? Como tratar?

A lombalgia é a dor que ocorre na região lombar inferior, que é a parte final das costas. A lombociatalgia é a dor lombar que se irradia para uma ou ambas as nádegas e/ou para as pernas na distribuição do nervo ciático.

A coluna lombar é uma estrutura corporal muito bem construída, formada por ossos, articulações, músculos, nervos e ligamentos trabalhando juntos para promover suporte, força e flexibilidade. No entanto, por ser tão complexa e importante para o corpo, à coluna lombar é muito susceptível a dores e lesões. Uma lesão em qualquer uma das estruturas da coluna lombar (L1 a L5) pode levar à dor lombar.

Tipos de lombalgia
A lombalgia pode ser classificada em dois tipos: aguda e crônica. O que as difere é a duração dos sintomas.

Dor lombar aguda
A dor aguda acontece por lesão que aparece de forma súbita e dura apenas alguns dias, e o corpo consegue se recuperar sozinho, como resposta normal a uma lesão.

Dor lombar crônica
A dor crônica, no entanto, é aquele que dura meses, é mais intensa, e não responde às medicações analgésicas normais, como resultado de falha no processo de recuperação normal do corpo a uma lesão, ou devido à presença de uma doença, ou condição de base que não foi tratada.

Causas da dor lombar
A causa mais comum da dor lombar é o que chamados de causa mecânica. Isso acontece quando existe alguma lesão nessas estruturas que dão suporte à coluna, mencionadas ali em cima, como os discos intervertebrais, raízes nervosas, e movimentos inadequados das articulações.

Lesões musculares são a causa mais comum de dor nessa categoria, e podem levar, se não tratadas a tempo, às alterações em outras estruturas como consequência da manutenção de posturas inadequadas devido a essa lesão e à dor causada por ela.

As lesões musculares podem acontecer de repente, ou podem ir se desenvolvendo ao longo do tempo, e geralmente são devido à, carregamento de peso em excesso, movimentos repentinos que colocam muita carga na coluna, má postura ao longo do tempo, lesões esportivas em esportes que envolvem movimentos amplos da coluna ou que geram impacto, entre outras.

Algumas outras causas de dor lombar menos comuns incluem infecções, tumores, doenças autoimunes, e outras síndromes que podem afetar a coluna. Embora menos frequentes que as causam mecânicas, é importante sempre excluir esses tipos de diagnósticos, que geralmente possuem tratamento mais difícil, e são mais graves do que os diagnósticos mecânicos.

Sintomas da dor lombar
A dor lombar pode ser aguda, devido a uma lesão que acontece de forma súbita, e pode ser tornar crônica. O tratamento adequado da dor lombar nas suas fases iniciais pode limitar os sintomas tanto em relação ao seu tempo de duração, quanto à sua gravidade e intensidade. Identificar os sintomas e ter um diagnóstico adequado irá ajudar a identificar qual tipo de dor, que está relacionado com a sua causa, e direcionará para o tratamento adequado.

Os sintomas mais comuns da dor lombar incluem:
– Dor entorpecente: a dor lombar é geralmente descrita pelos pacientes como aquela dor “chatinha”, sem característica de queimação, agulhamento ou pontada. Esse tipo de dor pode ser acompanhada por espasmos musculares, limitação de movimento, e dor no quadril, na virilha, ou mesmo nas pernas.
– Dor que se irradia para as nádegas, pernas e pés: a dor lombar é comumente irradiada para as pernas, pois a tensão muscular pode comprimir o nervo ciático, e gerar sensação de desconforto, dormência, formigamento ou dor no caminho desse nervo.
– Dor que piora após muito tempo sentado: ficar sentado muito tempo aumenta a pressão na coluna lombar, que faz com que a dor apareça, ou piore, nessa postura. Usualmente, se levantar e caminhar um pouco ajuda a aliviar a dor.
– Dor que melhora ao mudar de posição: a dor na lombar geralmente acontece quando assumimos uma mesma posição por muito tempo. Quando mudamos de posição, mudamos o ponto de pressão na coluna, dessa forma, reduzindo a dor. As posições que melhoram a dor, e as posições que pioram a dor, ajudam na identificação da causa da dor lombar.
– Dor que é pior após acordar e melhora ao longo do dia: longos períodos de imobilidade, como acontece quando a gente dorme, gera uma cerca rigidez muscular na coluna lombar, que faz com que as pessoas que sofrem dessa condição relatem dor logo pela manhã. O movimento, no entanto, tende a diminuir essa dor.

Os sintomas da dor lombar podem variar muito de caso a caso, dependendo da interpretação individual da dor, saúde mental e emocional do indivíduo, nível de atividade física, estresse, entre outros.

Alguns sintomas da dor lombar, no entanto, merecem atenção imediata, pois podem indicar que uma doença mais séria está por trás da dor. Fique atento caso alguns desses sintomas acompanhem a sua dor lombar:
– Perda de controle da urina ou das fezes;
– Perda de peso recente e intensa sem mudança em hábitos de vida;
– Febres e calafrios;
– Dor abdominal severa;
– Dor após um trauma importante como acidente de carro.

Diagnóstico da dor lombar
Obter um diagnóstico preciso que identifica a causa base da dor, e não apenas se correlaciona com os sintomas, é fundamental para a definição do tratamento correto e de fato eficaz para o alívio da dor.
A primeira parte de um diagnóstico adequada consiste na coleta de informações através da anamnese do paciente. Dessa forma, um histórico acurado dos sintomas, história médica, e condições relacionadas ao aparecimento ou alivio da dor são informações fundamentais para a formular a hipótese da causa principal da dor do paciente.
Outras informações importante a serem colhidas envolvem o nível de atividade do paciente, seus hábitos de vida, principalmente de sono, tipo de trabalho, posturas normalmente assumidas durante o dia e durante a noite, lesões (recentes ou não) na coluna, e em outras partes do corpo, que possa, influenciar a coluna, e qualquer outra informação que o médico/fisioterapeuta julgar importante no contexto.
O próximo passo do diagnóstico é o exame físico, cujo objetivo é estreitar ainda mais as possibilidades, e chegar ainda mais perto de um diagnóstico mais preciso e correlacionar com a clínica do paciente.

  1. Palpação: consiste no toque, onde o especialista irá tocar a coluna lombar, procurando por espasmos musculares, pontos de tensão, áreas mais sensíveis, ou anormalidades nas articulações;
  2. Teste de mobilidade das vertebrais lombares, região sacral e quadril;
  3. Exame de sensibilidade, sendo avaliado nível de sensibilidade do tronco do paciente para baixo. Esse exame tem por objetivo descobrir se algum nervo dói acometido pela condição de base que está causando a dor;
  4. Teste da amplitude de movimento: esse exame consiste na avaliação da movimentação ativa do paciente, de forma a descobrir de algum movimento específico causa dor, ou qualquer outra sensação desagradável, e ainda se o paciente possui alguma limitação importante de movimento;
  5. Teste de reflexos: esse teste também serve para avaliar o acometimento de algum nervo, bem como a força muscular;
  6. Teste de elevação das pernas: o paciente é pedido para deitar de costas e elevar as pernas retas o mais alto que conseguir. Caso esse teste reproduza dor na coluna, existe a suspeita de uma hérnia de disco lombar.

Após anamnese e exame físico, algumas vezes as informações podem ser confusas, ou não conclusivas. Nesses casos, uma investigação mais profunda é necessária, e exames de imagens específicos podem ser requisitados, principalmente para a localização exata da estrutura que está causando a dor, possibilitando assim a programação de um tratamento mais específico e eficiente.

Alguns dos exames de imagem que podem ser solicitados para a avaliação e diagnóstico da causa da dor lombar são: Raio-X, Tomografia Computadorizada, ou Ressonância Magnética. Lembrando que na grande maioria das vezes não existe apenas uma estrutura acometida, ou apenas uma causa para a dor lombar. Dizemos, então, que ela é multifatorial, ou seja, ocorre devido a uma combinação de fatores que, juntos, levam à dor nas costas.

Tratamento para a dor lombar
Precisamos de todas essas informações introdutórias, pois é difícil se entender o tratamento para a dor lombar sem entender de onde vem essa dor, sem saber a causa primária da dor e quais são as suas características.

Com todas as informações, fica fácil entender o porquê o tratamento é individual e único para
cada paciente, pois cada paciente é único, e possui características e necessidades distintas, necessitando de uma avaliação detalhada para a definição de um tratamento personalizado.
De forma geral, uma combinação de diferentes técnicas de tratamento é mais eficaz na redução e eliminação da dor lombar, em comparação com a escolha de um tratamento de forma isolada, devido à natureza multifatorial da dor lombar.

Autocuidado como tratamento da dor lombar

Terapias aplicadas em casa podem ser eficazes para o tratamento da dor lombar aguda e leve oriunda de estiramentos musculares, bem como para reduzir a intensidade e promover alívio da dor crônica. Dentre essas terapias, estão:
– Descanso: as dores agudas nas costas podem ser tratadas com repouso, evitando atividades de maior intensidade por um tempo. No entanto, esse repouso não pode durar por muito tempo, pois apenas alguns dias de inatividade podem tornar o processo de recuperação mais difícil, nosso corpo precisa ter a funcionalidade;
– Modificação da atividade: não é sair da atividade e sim adaptar, evitando certos movimentos e posturas que causam dor. Por exemplo, se a sua dor aparece após pegar peso;
– Aplicação de calor/frio: o calor de uma bolsa de água quente, ou mesmo de um banho quente, pode relaxar os músculos que estão em tensão, e melhorar a circulação na área lesionada. Se a dor lombar é recente, ou devido à inflamação (percebida através de sinais como calor local, vermelhidão, e inchaço), o frio pode ser a melhor opção de alívio, apenas aplicar gelo local, protegendo a pele com uma toalha;

– Analgésicos simples: As medicações o ideal que seja prescrito pelo médico, até os mais simples que não precisa de receita, pois toda medicação deve ser utilizada com cuidado.

Tratamento fisioterapêutico
A fisioterapia é uma das partes mais importantes para o tratamento, pois é através da realização de exercícios terapêuticos que a causa da dor pode ser eliminada de vez.
– Podem ser utilizadas técnicas de alongamentos: quase todos os pacientes encontram benefícios com o alongamento. Qual alongamento será mais beneficial para cada caso depende da avaliação do fisioterapeuta, e do padrão individual de dor de cada paciente;
– Técnica de inibição muscular com o objetivo de desativar os ponto dolorosos da musculatura;

– Exercícios de fortalecimento: para melhorar a estabilidade da coluna, corrige padrões posturais indesejados, fazer o equilíbrio das cadeias musculares e também ajudam no alívio da dor;
– Exercícios de mobilidade das articulações;
– Atividades aeróbicas de baixo impacto: os exercícios aeróbicos aumentam o fluxo sanguíneo para a região lesionada e auxiliam no processo de cicatrização, sem aumentar a sobrecarga na coluna.
– Técnicas específicas de correção postural: algumas técnicas, como o RPG, ajudam no melhor alinhamento da coluna, e são especialmente eficientes quando o problema tem origem postural. Ouras técnicas, como o Pilates, envolvem tanto alongamentos, quando exercícios posturais e de fortalecimento, oferecendo um programa de exercícios completo efetivo para o tratamento de diversas condições que podem gerar a dor lombar.

Médico no tratamento da lombalgia
O foco do tratamento médico na dor lombar é reduzir a dor e os sintomas associados, mas ela não cura a origem da dor, quando mecânica, que constitui a maioria dos casos. Esse tipo de tratamento é sempre associado ao tratamento fisioterapêutico.

Tratamentos comuns incluem a prescrição de relaxantes musculares, medicamento analgésico mais forte em casos de dor refratária ou crônica, prescrição de dispositivos de estabilização da coluna como coletes, injeções de esteroides na coluna, entre outros.

A cirurgia é um tratamento possível para a dor lombar, mas a maioria das vezes não é a primeira opção, só em caso de dores muito fortes que não respondem a nenhum outro tipo de tratamento conservador (não cirúrgico) e vai depender da causa da dor, e pode ser recomendada para alguns pacientes.

Lembrando que a fisioterapia será fundamental para o processo de recuperação após a cirurgia, portanto, não tem como escapar do exercício quando falamos de dor na lombar, não.

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